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Mente e coração: como equalizar?

Photo du rédacteur: Karen BassoKaren Basso

Não é sempre que a gente se depara com um encontro de tirar o fôlego com alguém. Mas praticamente todo mundo tem um para lembrar. Quando foi a última vez que isso te aconteceu?

Falo daquele encontro do qual você à princípio não estava esperando nada. Falo daquele momento em que você olhou nos olhos de alguém e não conteve o sorriso. Falo do momento em que o outro sorriu de volta, porque era mútua a sensação. Falo de se sentir completamente presente e submersa em paixão.

Tá certo que alguns casais que experimentaram isso conseguiram manter, transformar, criar união. Fato é que há também muita gente que acredita que esse tipo de “paixão” arrebatadora não dura nada e sinaliza algo passageiro. É entrega e momento. E assim se vai virando páginas na vida e aquilo vira uma página da história de alguém. Ou música! Enfim… independente disso, volto a perguntar: quando foi a última vez que você se sentiu voando alto de paixão mútualmente com alguém? Nem que por algumas horas apenas?

Pois é. Lembrou, né?

O que aconteceu depois?  Sim. É disso que eu quero falar hoje.

Porque essa pergunta idiota me azucrina a alma. E deve azucrinar a alma de outras pessoas também.

Porque eu, quando vivo essa sensação quero casar amanhã! Porque eu já me casei assim. Vivi e vivo ainda tão intensamente… que fui acumulando reflexões. Hoje decidi partilhar algumas com vocês (e comigo mesma! Porque é sempre bom relembrar…)

A primeira a se pensar, quando se vê diante de uma paixão é: Tire a “análise” do momento. Simplesmente viva a experiência sem expectativas. Viva o presente. Se entrarmos nessa espiral de “interpretar” os pontos da mensagem recebida no celular… ou contarmos os minutos da resposta do outro… ou analisarmos a forma como foi dito o que foi dito… nos perderemos do que realmente importa aqui: viver e respeitar o momento. Confia e deixa o raciocínio de lado um pouco porque no fim das contas, tudo nessa vida é passageiro. A única certeza que se tem é de que iremos morrer. Nada mais nos pertence e não temos controle de nada nessa vida. Nem de nós, o que dirá do outro. Observe, respire, deixe fluir, celebre. E ponto.

Depois, jamais pense que aquilo te completa ou que aquele outro vai te “completar”. Quando sentimos isso, dá medo, certo?  Sabe porquê? Porque nossa alma está gritando: não minta para você! Há muito mais nessa vida do que essa sensação e esse riso bobo (e delicioso, claro).  Tratemos de simplificar (ou seria recomplexificar?) as coisas porque há muita mais em nós do que parece. Que tal focar um pouco no resto enquanto isso? Ou expandir? Porque há muito mais ao redor, acontecendo no momento presente… enquanto estamos nos deixando levar por ansiedades e projeções.

Ritmo. Pronto. Cheguei no meu tendão de Aquiles porque eu sou a louca planetária do “last minute” e quando decido, quero tudo para ontem. Sempre. Impor ritmo, forçar coisas… acaba com o tesão. Sabemos bem disso na teoria, mas na prática o desafio se impõe. Manter o “let if flow”. Viver no presente. Porque nada que se planta nasce assim, de uma hora para a outra. Por mais que desejemos arduamente ver tudo acontecendo em nossa vida desde já, é no deixar fluir, no deixar o controle de lado e se lançar na progressão natural da conexão e da união cotidiana que a magia toda acontece. Esse é para lá de todos os itens listados aqui. O mais verdadeiro de minha alma no dia de hoje. Quantas vezes pisoteei a plantinha nascendo porque procurava sem cessar pela árvore ali, naquele pequeno terreno/aspecto de minha vida? Deixei momentos tão incrivelmente simples, pequeninos mais super reais e importantes de lado, buscando o quê exatamente? Cada relacionamento vai se desenvolvendo no seu próprio tempo, à sua própria maneira, né? Devagar se vai…. se vai sim. Para me manter firme nessa decisão, penso em mim. Nesses anos todos de vida… olha só onde já estou, que lindo. Nada se perde, tudo se transforma. Não forcemos o tempo das coisas. “Não apresse o rio, ele corre sozinho”(acho que tinha um livro com esse nome, não?). Enfim: deixa fluir, no ritmo que está sendo.

Passado é passado. Nada de comparações ou baús de pandora que se abrem do nada com justificativas absurdas para nossos medos mais profundos. Novo quadro, novo momento, novas almas que se encontram. Importa sentir as feridas que ainda não cicatrizaram, mas mostrar ao outro com pedidos de “lambe aí, por favor” é um pouco demais. Cabe a cada indivíduo olhar e tratar sua ferida. Momentos de solidão são lindos e importantes por isso, né? Estamos sabendo aproveitar esses momentos? Olhar para o passado vale, mas trazer o passado na sua relação presente gera improdução total. Tudo o que há lá é seu e só seu. Observe, reflita, sinta, agradeça, lamba suas feridas, dê-se amor. Assim, no momento que o novo chegar, você estará mais apta para agir (se cuidar, se proteger, se dar, ame sem medo).

Reduzir o outro para se consolar é um gesto infantil, terrível e muito comum (pelo menos comigo, confesso!) quando não sei como agir diante de uma situação dolorosa. Como é fácil jogar a responsabilidade no outro (ou sair culpando mesmo) quando não consigo admitir minha incapacidade de agir ou ser melhor! Quando eu deveria estar incentivando a pessoa amada, enchendo-a de amor e reconhecimento para que possamos ir mais longe diante desse momento difícil… eu me viro e a ataco de forma infantil, pois assim me sinto menos responsável, né? Só o amor e a gentileza constroem. Fácil falar… Bora fazer também. Calma, fé, humildade e responsabilidade sobre nosso EU mais surrealmente infantilóide. Fundamental respirar e refletir sobre isso enquanto estamos SENDO.

Uma hora a paixão passa. E se a união é a decisão tomada pelos dois, testes de fogo estarão a caminho. É normal querermos mais, né? Avalie e se sentir que busca fora o que falta dentro, respeite o outro e você nesse processo. Pois isso pode ser muito destrutivo. Você se sente aberta para investir mais nessa relação? Sua atenção está genuinamente voltada à união com o outro, da forma mágica como tiver de ser (dolorosa ou deliciosa ou os dois!)?  Você sente uma distancia se fazendo presente entre vocês e acha que olhando para fora se sentirá melhor? Estaria você apenas tentando evitar o inevitável?  Encare os fatos.  Traga para perto. Dê mais amor e cuidado. Seja paciente. Observe. Converse. Ajustes poderão abrir um novo portal, transcender o que sentem e criar coisa nova… para lá de deliciosa, embora diferente do que sentimos quando se trata de paixão aluscinante e alucinada.

Converse. Busque entender antes de julgar. Busque ouvir. Algo te parece estranho? Antes mesmo de abrir a boca para falar, peça para que o outro fale a respeito e tente ouvir o que ele diz (mesmo nas entrelinhas. Pode ser que o outro caia no erro infantilóide já tratado aqui – somos todos humanos!) Mas o que isso tenta te dizer? Algo também o incomoda… como saber exatamente o que é para que se possa compreender melhor o que se passa dentro de cada um de nós? Somos seres tão sensíveis e tão complexos… às vezes um vai para um lado em seu mundo e se perde do outro, que está em outra direção… absorvendo e interpretando o mundo ao seu redor com outra lente. Busque mostrar a sua lente ao outro. Peça para ver a lente do outro e experiemente essa lente para que ambos se compreendam um pouco mais. Converse. Comunicação Não Violenta (pesquisa no google já) é tudo.

Se ame. Se ame muito e em todo o lugar. Se ame primeiro, porque amar ao próximo e tudo ao seu redor é consequência. Procure dedicar tempo a fazer o que gosta, a cuidar de você, a cultivar seu jardim, a melhorar a sua vida de forma genuína e honesta. Dance na chuva sozinha, escreva livros, pinte quadros, faça bolos, assista seu seriado preferido comendo pipoca, enfim. Dedique amor à você sempre. Reserve um tempo para cuidar dessa loba que te habita (ou lobo, enfim). Sua força vital, criativa, seu amor-próprio é chama pura, que precisa de lenha, sabe? Senão não sobra nada para o mundo… todo mundo vai entender se você pedir licença para ir ali, se lamber, se alimentar sozinha um pouco. Porque todo mundo quer te ver dançando na chuva e cantarolando feliz (e sozinha) por aí – mesmo tendo uma família linda ou todo um mundo ao redor de você.

Esteja para o outro da forma que puder. Há limites nessa vida a dois. Há quem diga, inclusive que um relacionamento é um “terceiro ente”. Algo novo que vai sendo construído entre os dois. Eu gosto muito de visualizar a coisa assim, pois ajuda a gente a compreender a individualidade de cada um. E compreender a individualida é compreender que o outro é sagrado. E você também é sagradX. Nada, senão o outro, em si, vai se moldar, mudar, se motivar a agir em determinada direção. Podemos estar ali, ao lado, incentivando, batendo palmas, ajudando da maneira que nos for possível e/ou solicitado. Nada além, sabe? Às vezes, inclusive, fazer o mínimo para o outro é o máximo do bem que podemos fazer. Compaixão. Pois o caminho do outro é dele. A escolha do outro é dele. Viver no presente e estar presente. Deixar o outro evoluir na direção que ele quiser. Isso é amar, caramba. (digo caramba porque de novo, acho beeeem difícil me controlar… mas super necessário…). Volto ao exemplo das lentes. Procurar ver o mundo com a lente do outro pode ajudar a colocar nossa perspectiva do que “é melhor para o outro” longe da cena. O lance aqui é entender e amar a perspectiva do outro. Isso é ajudar. O resto é querer mudar o outro, o que já é uma grande derrota… de cara. Desilusão, na certa, né?

Tudo está certo no mundo. Se sentimos que não flui mais, se esgotamos as possibilidades de fluir, se tudo foi feito e ainda assim a sensação ocre te pede para seguir em frente e só… é o inevitável que se faz inevitável. Então é hora de agradecer e partir. Cuidar de si é isso também. Respeitar o fim do processo. Ser claro, honesto consigo e com o outro. Por amor. Por gratidão. Por respeito. Tudo vai dar certo, ao fim. Para os dois. Liberar é amar. Permitir que o outro parta… (olhando o cenário com as funções invertidas aqui). Respeitar o outro, que quer seguir só. Acredite, vai doer para todo mundo mas é o melhor. Confia. E deixa ir, da forma mais linda possível (de preferencia gerando novamente aquela sensação do novo, sabe?)

Lembra da pergunta inicial? Pois é…  A vida vai seguir. Ela sempre segue.

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